Sexo oral

tipo de relação sexual em que se utilizam os órgãos sexuais, os lábios e a língua

O sexo oral consiste em toda a atividade sexual na qual através do uso da boca, lábios ou língua ocorre estimulação do pênis (felação), da vagina ou da vulva (cunilíngua) ou do ânus (anilíngua) de um parceiro sexual.[1] Pode ser realizado como preliminares antes do ato sexual, assim como o clímax de um ato sexual, durante ou depois do ato sexual. Pode ser por vezes realizado com a exclusão de todas as outras formas da atividade sexual. No sexo oral, pode ou não ser incluída a ingestão, ou absorção de sêmen ou secreção vaginal. A ingestão destes fluidos sozinha, sem contato físico boca-genitália (por exemplo, o fetiche facial conhecido como bukkake), não é considerada sexo oral. Apresenta risco de transmissão de VIH,[2] e de outros agentes infecciosos, em especial do papilomavírus humano, que aumenta consideravelmente as chances de câncer de garganta.[3]

Sexo oral.

Variações editar

69 editar

Ver artigo principal: 69 (posição sexual)

A posição 69 (sessenta e nove) é uma posição de sexo oral onde dois parceiros promovem a estimulação oral mutuamente, os parceiros se posicionam paralelamente, mas em sentidos opostos (com a cabeça em direção ao pé do seu parceiro). O nome desta posição tem como referência a forma gráfica do algarismo "6" ser o inverso do "9".

Autofelação editar

Ver artigo principal: Autofelação

A autofelação é a prática do sexo oral solitário. É raro, pois o praticante deve ter grande flexibilidade e um pênis grande. Nas mulheres, é chamado autocunilíngua.[4]

Prática editar

O sexo oral é praticado em relacionamentos homossexuais e heterossexuais. Em relacionamentos heterossexuais, o sexo oral pode ser um método do anticoncepcional, tendo em vista que gravidez é inviável desde que o esperma não entre em contato com a vagina. É importante ressalvar que o sexo oral não é um método eficaz de impedir as Doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), embora algumas formas de DST se acredite serem menos prontamente transmissíveis dessa maneira.[5][6][7] Alguns casais heterossexuais usam o sexo oral como um substituto para o coito durante o ciclo menstrual mulher ou durante a gravidez.[8]

Alguns povos não consideram que o sexo oral possa mudar a circunstância da sua virgindade sendo um ato aceitável por algumas pessoas que se auto-identificam como virgens.

Um relatório feito em setembro de 2005 pelo National Center for Health Statistics que foi base da introdução de uma reportagem feita em 26 de setembro de 2005 na revista Time. O relatório traz resultados de um inquérito com 12.000 americanos entre os idades de 15 e de 44 anos, e indica que mais da metade dos adolescentes entrevistados já praticaram sexo oral. Algumas manchetes interpretaram, na época que estas evidências como que se o sexo oral entre adolescente estivesse “em ascensão”, entretanto este foi o primeiro estudo detalhado deste tipo para examinar esta matéria.[9]

Saúde editar

Dois homens praticando sexo oral.


ISTs editar

O sexo oral é uma das formas de transmissão de ISTs. As principais são o VIH, Hepatite B, sífilis, HPV, herpes genital, entre outras.[10] O uso do preservativo é totalmente necessário para evitar essas infecções, embora o seu uso nesse tipo de relação sexual traga preconceito.[11]

Se o parceiro que recebe tem feridas nos seus órgãos genitais ou dentro da sua boca, isso representa um grande risco de transmissão de DST. Escovar os dentes, passar fio dental, passando por tratamento dentário, ou comer alimentos crocantes pouco tempo antes, ou depois de fazer sexo oral também pode aumentar o risco de transmissão, porque todas essas atividades podem causar pequenos arranhões na mucosa da boca. Estas feridas, mesmo quando são microscópicos, aumentam as chances de contrair doenças sexualmente transmissíveis que podem ser transmitidas por via oral, sob essas condições.

Redução de aborto editar

O sexo oral é relacionado com a redução do risco de abortos espontâneos, induzindo tolerância imunológica a proteínas no esperma, um processo conhecido como tolerância paternal. Embora qualquer exposição ao esperma do parceiro durante a atividade sexual parece diminuir as chances de uma mulher para os diversos transtornos imunológicos que podem ocorrer durante a gravidez, a tolerância imunológica pode ser mais rapidamente estabelecida através da introdução oral e absorção gastrointestinal de sêmen.[12][13]

Atitudes culturais editar

Um desenho de Francesco Hayez

As atitudes culturais para o sexo oral variam da repulsa à reverência: na Roma Antiga, foi considerado um tabu,[14] enquanto que no taoísmo é reverenciada como uma prática espiritual gratificante que aumenta a longevidade.[15] Na cultura moderna ocidental, o sexo oral é amplamente praticado entre os adolescentes e adultos.

Além disso, já foi considerado um tabu ou pelo menos desaprovado em muitas culturas e partes do mundo.[16] As pessoas dão várias razões para isso. Alguns dizem que esse ato sexual não leva à procriação e, portanto, não é natural.[17] Outros afirmam que é uma prática humilhante e/ou impuros (uma opinião que é, pelo menos em alguns casos, relacionado com o simbolismo ligado a diferentes partes do corpo).[18]

Foi observado que os animais de muitas espécies praticam sexo oral.[19][20] O desejo de explorar algo com a boca é muito fácil de observar como um impulso intuitivo e natural. Também tem sido sugerido que existe uma vantagem evolutiva devido à tendência de primatas não-primatas e humanos para fazer sexo oral.[21]

Na pré-cristã Roma Antiga, os atos sexuais eram geralmente vistos através da submissão e controle. Sob este sistema, foi considerado abominável para um homem fazer felação, contudo quando recebia sexo oral de uma mulher ou outro homem de menor status social (como um escravo ou devedor) não era tão humilhante. Para os romanos o sexo oral era muito mais vergonhoso do que, por exemplo, o sexo anal, pois os praticantes deveriam ter mau hálito e muitas vezes uma presença indesejada, como convidados em uma mesa de jantar.

Ver também editar

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Referências

  1. «STD Risk and Oral Sex | STD | CDC». www.cdc.gov (em inglês). 4 de março de 2020. Consultado em 27 de junho de 2020 
  2. «¿Puedo contraer el VIH por tener relaciones sexuales orales?» (em espanhol). Centros para el Control y la Prevención de Enfermedades. Consultado em 10 de Novembro de 2008 
  3. «Oral sex can cause throat cancer». New Scientist (em inglês). Consultado em 10 de Novembro de 2008 
  4. Terra. «Dicas para auto-felação, pratique você também». Consultado em 12 de janeiro de 2012 
  5. «Geffen Testing Center's HIV, Syphilis, and Hepatitis C Information Sheet». GMHC (em inglês). Consultado em 4 de Novembro de 2006. Arquivado do original em 19 de outubro de 2006 
  6. «Oral Sex». University Health Center, Universidade de Georgia (em inglês). Consultado em 4 de Novembro de 2006 
  7. «HIV, Syphilis, and Hepatitis C». Planeta Erótico (em inglês). Consultado em 2 de Janeiro de 2017 
  8. Bolsa de mulher. «O que homens pensam sobre fazer sexo com mulheres menstruadas, é nojento?». Consultado em 12 de janeiro de 2012 
  9. D. Lemonick, Michael (19 de Setembro de 2005). «A Teen Twist on Sex» (em inglês). Consultado em 3 de Março de 2008 
  10. DST. «Perguntas frequentes». Consultado em 12 de janeiro de 2012 
  11. Terra. «Dúvidas sobre sexo: Proteção no sexo oral». Consultado em 12 de janeiro de 2012 
  12. Koelman CA, Coumans AB, Nijman HW, Doxiadis II, Dekker GA, Claas FH (março de 2000). «Correlation between oral sex and a low incidence of preeclampsia: a role for soluble HLA in seminal fluid?». Journal of Reproductive Immunology. 46 (2): 155–166. PMID 10706945. doi:10.1016/S0165-0378(99)00062-5 
  13. Fox, Douglas (9 de fevereiro de 2002). «Gentle Persuasion». The New Scientist. Consultado em 17 de junho de 2007 
  14. «Irrumation» (em inglês). Sacred-texts.com. Consultado em 3 de abril de 2011 
  15. Octavio Paz (1969) Conjunctions and Disjunctions; trans. Helen R. Lane. London: Wildwood House; p. 97
  16. "The History of Fellatio" Arquivado em 24 de maio de 2006, no Wayback Machine., Salon.com, May 22, 2000.
  17. Buschmiller, Rev. Robert. «Oral Sex in Marriage» (em inglês). Presentation Ministries. Consultado em 24 de julho de 2010 
  18. Pina-Cabral, Joao de (1992). «Tamed Violence: Genital Symbolism is Portugese popular culture». Man. N.S. 28 (1): 101–120. JSTOR 2804438. doi:10.2307/2804438 
  19. Do animals have oral sex? Journal Esquire - Oct, 1 2004
  20. Min Tan; Gareth Jones, Guangjian Zhu, Jianping Ye, Tiyu Hong, Shanyi Zhou, Shuyi Zhang, Libiao Zhang (28 de outubro de 2009). Hosken, David, ed. «Fellatio by Fruit Bats Prolongs Copulation Time». PLoS ONE. 4 (10): e7595. Bibcode:2009PLoSO...4.7595T. PMC 2762080 . PMID 19862320. doi:10.1371/journal.pone.0007595. Consultado em 11 de agosto de 2009 
  21. This doesn't look like science Science - July 24, 2010 Arquivado em 17 de abril de 2010, no Wayback Machine.