Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral

O Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE) é um movimento social brasileiro voltado para o combate à corrupção eleitoral no Brasil, com sede em Brasília.[1]

O movimento é composto por mais de 70 entidades nacionais e está representado pela Secretaria Executiva do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (SE-MCCE).

História

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Em 2006 é criada a SE-MCCE, Organização Não Governamental (ONG), sem fins lucrativos. A Secretaria foi legalmente oficializada em 27 de abril de 2007.

O Comitê Nacional do Movimento de Combate à Corrupção é composto por mais de 70 entidades da sociedade civil espalhadas por todo o Brasil. O MCCE acompanha a atuação do Tribunal Superior Eleitoral, articulando medidas que favoreçam a lisura do processo eleitoral. Também acompanha os trabalhos nos Comitês Estaduais e Municipais do MCCE.[2]

Foi um dos principais organizadores da campanha e responsável pela criação do projeto da lei Ficha Limpa.[3] Teve suas mais antigas entidades como as criadoras da primeira lei de iniciativa popular anticorrupção do país, a "Lei Contra a Compra de Votos" (Lei Nº 9840/1999).

Em setembro de 2015, o MCCE foi Amicus curiae[4] da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) Nº 4.650 da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) julgada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O STF julgou inconstitucional o financiamento de empresas nas eleições.[5]

Atualmente coordena juntamente com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a OAB e outras entidades, mais uma campanha para lei de iniciativa popular, a Reforma Política Democrática e Eleições Limpas com três pontos mais importantes: a conquista da proibição das doações ocultas, a prestação de contas que os candidatos devem fazer ainda durante a campanha praticamente em tempo real, e a limitação dos gastos de campanha.[6]

O juiz Márlon Reis, um dos fundadores e coordenadores do MCCE, foi considerado um dos brasileiros mais influentes em 2009 pela revista Época.[7][8]

Recebeu no dia 6 de dezembro de 2018, no Supremo Tribunal Federal, o Prêmio Innovare 2018 na categoria Justiça e Cidadania, tendo concorrido com a Voto Legal - plataforma de arrecadação de doações eleitorais Voto Legal foi idealizada pelo MCCE e pela empresa de tecnologia APPCívico. A plataforma atuou nas eleições de 2016 e 2018 com o objetivo facilitar a doação para campanhas eleitorais com transparência no exercício da cidadania, utilizando blockchain.

O Innovare é considerada a mais importante premiação da Justiça Brasileira.

Dossiê

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O dossiê "Políticos cassados por corrupção eleitoral" é um levantamento produzido pelo Comitê Nacional do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral a partir de informações divulgadas pelo Tribunal Superior Eleitoral, relatando estatísticas sobre a corrupção política no Brasil a partir da aprovação da Lei n° 9.840 de 28 de setembro de 1999. O balanço foi divulgado pela primeira vez em 2007.

Segundo o dossiê, entre 2000 e 2007, 623 políticos brasileiros tiveram seus mandatos cassados após a instalação de processos para averiguar denúncias de corrupção. As práticas abusivas incluem captação ilícita de sufrágio, condutas vedadas aos agentes públicos e abuso de poder. O balanço refere-se exclusivamente às cassações promovidas pela Justiça Eleitoral, não incluindo políticos cassados em virtude de condenações criminais.[9][10]

Metodologia

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A pesquisa foi realizada pelo juiz Márlon Reis, presidente da Associação Brasileira de Magistrados, Procuradores e Promotores Eleitorais e integrante do Comitê Nacional do MCCE, com o objetivo de suprir a demanda por um método de acompanhamento estatístico, uma vez que a Justiça Eleitoral não conta com um sistema semelhante. A pesquisa foi feita a partir dos dados processuais de cada caso, com base em informações disponibilizadas virtualmente pelos Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) e pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Outros dados foram obtidos através de consulta direta a tribunais e zonas eleitorais. Notícias veiculadas pela imprensa também serviram para a descoberta de cassações, sendo posteriormente cruzadas com os dados provenientes da Justiça Eleitoral.[9]

Foram categorizados como "cassados" todos os políticos condenados pela Justiça Eleitoral à perda do mandato, mesmo aqueles que por força de liminar ainda estivessem ocupando cargos eletivos. Todas as cassações se referem a utilização de bens e vantagens de origem pública ou privada para captação ilícita de votos ou fortalecimento ilícito de campanhas.[9]

Políticos cassados por cargo

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Dos 623 políticos listados, fatores

dois eram governadores e foram cassados juntos com seus respectivos vice-governadores: Cássio Cunha Lima, da Paraíba (PSDB), mantido no cargo por força de liminar, e Francisco Flamarion Portela, de Roraima (eleito pelo PSL e posteriormente filiado ao PT).[10] O governador Mão Santa, do Piauí, eleito pelo PMDB e cassado em 2001, não foi incluído na pesquisa por ter sido eleito em 1998, antes da Lei n° 9.840 entrar em vigor.[9] Os cassados após 2007, mesmo com processo anterior também não foram incluídos na pesquisa.[carece de fontes?]

CargoNº. de políticos cassados
Governadores e vice-governadores4
Senadores e suplentes6
Deputados federais8
Deputados estaduais/distritais13
Prefeitos e vice-prefeitos508
Vereadores84

Políticos cassados por unidade federativa (Dossiê de 2007)

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Abaixo, encontram-se elencados em ordem decrescente os números de políticos cassados por unidade federativa e o respectivo percentual que representam do total de 623 cassações.[9]

Posição - Unidade FederativaNº. de políticos cassadosPercentual
1º - Minas Gerais7111,39%
2º - Rio Grande do Norte609,63%
3º - São Paulo558,82%
4º - Bahia548,66%
5º - Rio Grande do Sul497,86%
6º - Ceará375,93%
7º - Paraíba365,77%
8º - Goiás335,29%
9º - Santa Catarina254,01%
10º - Piauí223,53%
11º - Mato Grosso203,21%
12º - Rio de Janeiro182,88%
12º - Mato Grosso do Sul182,88%
13º - Roraima172,72%
14º - Paraná162,56%
15º - Pernambuco142,24%
15º - Pará142,24%
15º - Maranhão142,24%
16º - Rondônia132,08%
17º - Sergipe101,6%
18º - Amapá91,44%
19º - Espírito Santo71,12%
20º - Alagoas40,64%
21º - Tocantins30,48%
22º - Amazonas20,32%
23º - Distrito Federal10.16%
23º - Acre10,16%

Políticos cassados por partido

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Ao todo, 21 partidos políticos distintos tiveram membros cassados por corrupção eleitoral. Na metodologia empregada pelo estudo, considerou-se apenas os partidos políticos dos "cabeças de chapa" (isso é, desconsiderou-se os partidos dos vices e suplentes) no caso das eleições majoritárias (para o poder executivo e para o senado).[9] (Dossiê de 2007)

Posição - Partido políticoSiglaNº representantes

Congresso Nacional

(2014-2018)

Percentual do

Congresso Nacional

(2014-2018)

Nº. de políticos cassadosPercentual
1º - DemocratasDEM274,55%6920,4%
2º - Partido do Movimento Democrático BrasileiroPMDB8213,80%6619,5%
3º - Partido da Social Democracia BrasileiraPSDB6410,77%5817,1%
4º - Partido ProgressistaPP416,90%267,7%
5º - Partido Trabalhista BrasileiroPTB284,71%247,1%
6º - Partido Democrático TrabalhistaPDT274,55%236,8%
7º - Partido da RepúblicaPR386,40%175%
8º - Partido Popular SocialistaPPS101,68%144,1%
9º- Partido Social LiberalPSL10,17%108,7%
10º - Partido Progressista BrasileiroPPB416,90%82,4%
11º - Partido Socialista BrasileiroPSB416,90%72,1%
12º - Partido dos TrabalhadoresPT2013,80%41,8%
12º - Partido Trabalhista CristãoPTC20,34%30,9%
13º - Partido da Mobilização NacionalPMN30,51%20,6%
13º - Partido Renovador Trabalhista BrasileiroPRTB10,17%20,6%
13º - Partido Social CristãoPSC122,02%20,6%
14º - Partido Humanista da SolidariedadePHS50,84%10,3%
14º - Partido de Reedificação da Ordem NacionalPRONA00,00%10,3%
14º - Partido Republicano ProgressistaPRP30,51%10,3%
14º - Partido Social DemocráticoPSD406,73%10,3%
14º - Partido VerdePV91,52%10,3%

Ver também

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Referências

  1. «O que é». MCCE. Consultado em 12 de dezembro de 2016 
  2. http://www.mcce.org.br/lista-de-comites/
  3. Almeida, Daniela (4 de abril de 2010). «Projeto Ficha Limpa invade Twitter». Correio Braziliense. Consultado em 2 de setembro de 2010. Arquivado do original em 27 de maio de 2010 
  4. «Glossário Jurídico :: STF - Supremo Tribunal Federal». Supremo Tribunal Federal. Consultado em 9 de março de 2016. Arquivado do original em 11 de março de 2016 
  5. «Supremo proíbe doação de empresas para campanhas eleitorais». G1. 17 de setembro de 2015. Consultado em 9 de março de 2016 
  6. Felipe Pontes, Agência Brasil. «Comitês da OAB e CNBB fiscalizarão caixa 2 em todos o país durante eleições». EBC. Consultado em 9 de março de 2016 
  7. «Os 100 brasileiros mais influentes de 2009». 5 de dezembro de 2009. Consultado em 2 de setembro de 2010 
  8. Santos, Manoel (7 de dezembro de 2009). «Marlon Reis, juiz maranhense, é um dos 100 brasileiros mais influentes». Jornal Pequeno. Consultado em 2 de setembro de 2010 
  9. a b c d e f «Dossiê "Políticos cassados por corrupção eleitoral» (PDF). Comissão Nacional do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral. Consultado em 1 de outubro de 2010 
  10. a b «Desde 2000, 623 políticos foram cassados. DEM lidera ranking» (PDF). O Globo. Consultado em 1 de outubro de 2010 

Ligações externas

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Prêmio Innovare 2018 na categoria Justiça e Cidadania