Hernâni Cidade

jornalista, crítico literário, ensaísta, historiador e professor universitário português (1887-1975)

Hernâni António Cidade ComSEGOSEGCSE (Redondo, Redondo, 7 de fevereiro de 1887Évora, 2 de janeiro de 1975) foi um professor, ensaísta, historiador e crítico literário português.

Hernâni Cidade
Nome completoHernâni António Cidade
Nascimento7 de fevereiro de 1887
Redondo, Redondo
Morte2 de janeiro de 1975 (87 anos)
Évora
ResidênciaRua da Quintinha, Lisboa
NacionalidadePortugal Português
PrêmiosComendador, Grande-Oficial e Grã-Cruz da Antiga, Nobilíssima e Esclarecida Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, do Mérito Científico, Literário e Artístico
Magnum opusPadre António Vieira - A Obra e o Homem
Assinatura

Biografia editar

Filho de António Bernardino Cidade, carpinteiro de carros, e de sua mulher Genoveva da Purificação Madeira, parente distante de São João de Deus.

Estudou no Seminário de Évora, onde concluiu o curso de Teologia[1], no termo da qual declinou o convite para prosseguir os seus estudos na Universidade Gregoriana e abraçar a carreira eclesiástica. Inscreveu-se, em Lisboa, no Curso Superior de Letras, custeando os seus estudos como prefeito no Colégio Calipolense e explicador particular. Terminado o curso, foi professor extranumerário no Liceu Passos Manuel e, a partir de 1914, professor efectivo do Liceu de Leiria, ensinando as disciplinas de Língua e Literatura Portuguesa.[2]

Em 1916, com a entrada de Portugal na Grande Guerra, foi mobilizado para o Corpo Expedicionário Português e enviado como comandante de pelotão para a frente da batalha, na Flandres. Ali revelou, em várias ocasiões, a sua bravura no resgate de soldados de ambas as forças em combate. Na Batalha de La Lys, a 9 de Abril de 1918, foi feito prisioneiro pelas forças alemãs, tendo permanecido em cativeiro cerca de nove meses. No campo dos oficiais prisioneiros, prosseguiu o estudo da língua alemã e organizou conferências literárias aos domingos, a primeira das quais foi "Camões, poeta europeu". Viria a ser-lhe atribuída a Cruz de Guerra.[3].

Regressado a Portugal, em 1919 foi convidado para lecionar na recém-criada Faculdade de Letras do Porto como professor contratado do 2.º Grupo (Filologia Românica). Ascenderia, mais tarde, a professor ordinário e, por fim, a professor catedrático, regendo as cadeiras de Língua e Literatura Francesa, Língua e Literatura Portuguesa, Gramática Comparada das Línguas Românicas, História da Literatura Italiana, Filologia Românica, Filologia Portuguesa e História da Literatura Portuguesa. A 19 de Abril de 1926, foi-lhe outorgado pelo Conselho Escolar da mesma faculdade o grau de Doutor em Letras – Filologia Românica. Após a extinção da Faculdade de Letras do Porto, decretada pela Ditadura Militar em 1928, lecionou no Liceu Rodrigues de Freitas no Porto, tendo em 1931 transitado para a Faculdade de Letras de Lisboa, após aprovação em concurso público com a dissertação "A obra poética do Dr. José Anastácio da Cunha".[2]

Em Lisboa, participou em alguns movimentos de oposição ao Estado Novo até meados da década de 1930, mas viu-se obrigado a abandonar a actividade política sob pena de expulsão da Universidade de Lisboa. Chegou a estar incluído na lista dos professores universitários demitidos em 1935, mas a intercessão do ex-ministro da Instrução Gustavo Cordeiro Ramos junto do ditador Salazar evitou a sua expulsão.[4]

Além da sua actividade docente regular, dedicou-se a uma extensa produção cultural e científica nos domínios da Literatura e da Cultura Portuguesa, publicando vasta obra e ministrando cursos e participando em conferências em diversas universidades brasileiras, espanholas, francesas e inglesas. Foi colaborador da História de Portugal dirigida por Damião Peres, da Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira e do Dicionário das Literaturas Portuguesa, Galega e Brasileira, das revistas A Águia, Seara Nova, O Instituto, Biblos, Ocidente, Revista dos Centenários, Litoral, da revista luso-brasileira Atlântico, bem como das revistas das faculdades de Letras de Lisboa e do Porto. Colaborou nos jornais O Primeiro de Janeiro, O Comércio do Porto, Diário de Notícias e pertenceu ao conselho diretivo do Diário Liberal (1932-1934). Foi cofundador da revista Colóquio - Revista de Artes e Letras (1959-1970), de que foi diretor da secção literária, e da revista Colóquio/Letras, de que foi diretor de 1971 até à sua morte em 1975, ambas editadas pela Fundação Calouste Gulbenkian.[1]

Foi jubilado como professor catedrático da Faculdade de Letras de Lisboa, em 1957.

Foi casado com Aida Tâmega e pai, nomeadamente, de Helena Cidade Moura.

Distinções editar

Em 1956, foi agraciado pela República Francesa com a Legião de Honra.[4]

A 16 de Julho de 1958 foi feito Comendador da Antiga, Nobilíssima e Esclarecida Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, do Mérito Científico, Literário e Artístico, tendo sido elevado a Grande-Oficial da mesma Ordem a 2 de Julho de 1969 e a Grã-Cruz da mesma Ordem a 4 de Julho de 1973.[5]

Tem uma biblioteca e uma escola básica e secundária com o seu nome no Redondo.

Obras editar

  • Ensaio sobre a Crise Mental do Século XVIII (1929)
  • A Obra Poética do Dr. José Anastácio da Cunha (1930)
  • A Marquesa de Alorna. Sua Vida e Obras. Reprodução de Algumas Cartas Inéditas (1930)
  • Fernão Lopes é ou não o autor da "Crónica do Condestabre" (1931)
  • Lições de Cultura e Literatura Portuguesas, 2 vols. (1933 e 1940)
  • Luís de Camões. I - O Lírico (1936)
  • Bocage (1936)
  • Tendências do Lirismo Contemporâneo (1938)
  • Poesia Medieval: Cantigas de Amigo (prefácio, ordenação e notas, 1939)
  • Padre António Vieira, Estudo Biográfico e Crítico (1940)
  • Marquesa de Alorna: Inéditos: Cartas e Outros Escritos (seleção, prefácio e notas, 1941)
  • Marquesa de Alorna - Poesias (seleção, prefácio e notas, 1941)
  • Antero de Quental - Poeta (1942)
  • A Literatura Portuguesa e a Expansão Ultramarina (1943)
  • O Conceito de Poesia como Expressão da Cultura (1945)
  • João de Barros, Ásia: dos Feitos Que os Portugueses Fizeram no Descobrimento e Conquista dos Mares e Terras do Oriente, 4 vols. (actualização ortográfica e notas, 1945-1946)
  • Luís de Camões - Obras Completas, 5 vols. (prefácio e notas, 1946)
  • Literatura Autonomista sobre os Filipes (1948)
  • Luís de Camões. II - O Épico (1950)
  • P.e António Vieira, Obras Escolhidas, 12 vols. (prefácios e notas de António Sérgio e Hernâni Cidade, 1951-1954)
  • Luís de Camões. III - Os Autos e o Teatro do seu Tempo. As Cartas e o seu Conteúdo Biográfico (1956)
  • Luís de Camões. A Obra e o Homem (1957)
  • P.e António Vieira - Defesa perante o Tribunal do Santo Oficio, 2 vols. (introdução e notas, 1957)
  • Portugal Histórico-Cultural através de Alguns dos Seus Maiores Escritores: Fernão Lopes, Camões e Mendes Pinto, P.e António Vieira, Antero de Quental, Teixeira de Pascoais e Fernando Pessoa (1957)
  • Lições de Cultura Luso-Brasileira. Épocas e Estilos, na Literatura e nas Artes Plásticas (1960)
  • Século XIX: a Revolução Cultural em Portugal e Alguns dos Seus Mestres (1961)
  • Antero de Quental. A Obra e o Homem (1963)
  • Padre António Vieira. A Obra e o Homem (1964)
  • Bocage. A Obra e o Homem (1965)
  • Bocage - Opera Omnia, 2 vols. (dir., 1969)
  • Camões em Lisboa e Lisboa nos Lusíadas (1972)

Referências

Ligações externas editar


Precedido por
João de Barros
Sócio correspondente da ABL - Cadeira 9
1961 — 1974
Sucedido por
Adriano Moreira
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