Fornos de Algodres

município e vila de Portugal

Fornos de Algodres é uma vila portuguesa pertencente ao distrito da Guarda, na província da Beira Alta, região do Centro e sub-região da Beiras e Serra da Estrela, com cerca de 1 600 habitantes.

Fornos de Algodres

Vista panorâmica de Fornos de Algodres

Brasão de Fornos de AlgodresBandeira de Fornos de Algodres

Localização de Fornos de Algodres

GentílicoAlgodrense
Área131,45 km²
População4 403 hab. (2021)
Densidade populacional33,5  hab./km²
N.º de freguesias12
Presidente da
câmara municipal
Manuel Fonseca (PS, 2021-2025)
Região (NUTS II)Centro (Região das Beiras)
Sub-região (NUTS III)Beiras e Serra da Estrela
DistritoGuarda
ProvínciaBeira Alta
OragoSão Miguel
Feriado municipal29 de setembro
Código postal6370
Sítio oficialwww.cm-fornosdealgodres.pt
Município de Portugal

É sede do município de Fornos de Algodres com 131,45 km² de área[1] e 4 403 habitantes (2021),[2][3] subdividido em 12 freguesias.[4] O município é limitado a nordeste pelo município de Trancoso, a leste por Celorico da Beira, a sul por Gouveia, a oeste por Mangualde e Penalva do Castelo e a noroeste por Aguiar da Beira.

Freguesias

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Freguesias do município de Fornos de Algodres.
O município de Fornos de Algodres está dividido em 12 freguesias:

Aldeias anexas

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  • Aveleiras (Queiriz)
  • Casal do Monte (Queiriz)
  • Casas (Fuinhas)
  • Corujeira (Fuinhas)
  • Furtado (Algodres)
  • Lameira (Fuinhas)
  • Quinta da Barreira (Queiriz)
  • Quinta da Mata Gata (Sobral Pichorro)
  • Ramirão (Casal Vasco)
  • Rancozinho (Algodres)
  • Santo (Fuinhas)

História

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Dólmen na freguesia de Matança.
Casa da Torre - Solar dos Abreu Castelo Branco.

Na Idade Média dava-se o nome genérico de “terras” a certas regiões mais ou menos extensas, a que correspondia uma circunscrição jurisdicional, compreendendo povoações mais ou menos próximas umas das outras, ligadas entre si por laços morais de interesses, fóros, tradições e costumes. Assim se dizia Terras de Riba Côa, Terras da Beira, Terras de além do Monte, etc.

Essas circunscrições territoriais, em geral demarcadas por limites naturais, montes ou rios, subdividiam-se em sub-regiões que ainda também conservavam a mesma designação de Terras, como Terra de Alafões, Terra de Tavares, Terra de Azurara, nome genérico da sub-região, às vezes sem corresponder a nenhuma povoação, antes tomando estas aquele sobrenome, como Chãs de Tavares, Quintela de Azurara, etc., outras vezes adotando o nome de uma povoação mais importante da área, como Terra de Algodres, Terra de Aguiar, Terra de Linhares, etc.

Mais tarde, a designação de "terras" foi substituída pela de "termo" com significação mais restrito, aplicando-se este nome, como sinónimo de distrito e alfoz, a mais reduzidas circunscrições, a que se chamava concelho.

O concelho de Algodres compreendia oito paróquias: Casal Vasco, Ramirão, Cortiçô, Vila Chã, Muxagata, Fuínhas, Sobral Pichorro e Maceira, e a todas elas, como é natural, se adicionava o determinativo de Algodres: «Cortiçô de Algodres», «Vila Chã de Algodres», «Muxagata de Algodres», etc.

Que ela emprestasse o nome às povoações do seu termo, era natural, mas a velha vila, como mais importante entre todas as da região, exercia a sua hegemonia e emprestava o seu nome ainda às outras terras e povoações que assentavam nas proximidades do seu termo, sem fazerem parte dele. Assim, a vila de Fornos, apesar de viver e de se administrar, com câmara e julgado próprios, viu-se (e vê-se ainda hoje) forçada, para se distinguir de outras terras com o mesmo nome, a adotar o designativo regional de Algodres.

Foi com as povoações e área do concelho de Algodres e concelhos limítrofes que se constituiu, em 1836, o concelho de Fornos de Algodres, depois acrescentado, em 1898, com as freguesias de Além-Mondego, Juncais e Vila Ruiva. Desceram, pois, os antigos concelhos à condição de simples freguesias e as cinco vilas de Algodres, Figueiró, Matança, Infias e Casais do Monte passaram, daí em diante, a ser designadas por ex-vilas.

O primeiro administrador do novo concelho unificado foi José Coelho de Albuquerque, nomeado por portaria de 24 de Fevereiro de 1836; seguiu-se António Bernardo da Silva Cabral e, depois, Francisco de Melo e Sá, com o seu substituto Agostinho Pedroso de Magalhães.

A primeira Câmara do novo concelho de Fornos, já ampliado, foi composta do presidente Anacleto José de Magalhães Taveira Mosqueira, presidente interino José Coelho de Albuquerque, e vogais Francisco Ferreira de Abreu, António José do Carmo e José António Clemente.[5]

População do município

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Número de habitantes [6]
1864187818901900191119201930194019501960197019811991200120112021
Global **8 3049 2599 47710 1479 9539 6579 73010 50710 6459 0357 1306 5946 2705 6294 9894 403
0-14 Anos ***3 5873 5933 4693 4083 6023 4622 6441 9651 4541 125807542400
15-24 Anos ***1 8961 6791 6451 7591 7941 8231 436840972867687511365
25-64 Anos ***4 0213 9433 8124 0124 2544 3323 9443 2452 8052 7872 6492 3442 040
= ou > 65 Anos ***5606716907858939531 0111 0801 3631 4911 4861 5921 598

** População residente; *** População presente (1900-1950)

Capela de Nossa Senhora do Carmo.

Política

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Eleições autárquicas [7]

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Data%V%V%V%V%V%V%VParticipação
PPD/PSDCDS-PPFEPU/APU/CDUADPSPPMPSD/CDS
197667,82417,7215,58-
62,98 / 100,00
1979ADAD3,02-76,01418,371AD
77,08 / 100,00
198255,90424,3712,40-12,57-
69,63 / 100,00
198547,65345,8422,55-
75,23 / 100,00
198954,96319,6110,98-20,521
75,44 / 100,00
199344,58217,0110,74-33,832
76,68 / 100,00
199748,4638,33-0,65-39,922
77,97 / 100,00
200170,9341,08-24,511
74,21 / 100,00
200563,3142,84-1,24-28,691
76,70 / 100,00
200954,6733,28-0,88-38,042CDS-PP
71,98 / 100,00
201342,9425,64-0,83-47,153
70,61 / 100,00
201728,8216,60-1,28-60,244
70,93 / 100,00
2021CDS-PPPPD/PSD1,33-60,33334,242
73,29 / 100,00

Eleições legislativas

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Data%
CDSPSPSDPCPUDPADAPU/

CDU

FRSPRDPSNB.E.PANPSD
CDS
LCHIL
197644,2725,8015,941,860,92
1979AD24,30ADAPU0,5864,783,03
1980FRS0,7768,503,6420,15
198329,2029,8931,810,362,89
198524,5019,8036,391,103,978,43
19876,9416,6065,46CDU0,172,111,72
19917,0121,9864,101,080,730,83
199510,4538,5446,550,481,140,20
199910,1038,3446,372,230,46
200210,2536,6052,971,180,86
20057,3442,3742,491,451,97
200914,1532,0039,472,375,47
201114,0227,6547,152,052,340,48
2015PSD37,22CDS2,685,370,3446,250,14
20195,1940,2035,691,895,151,060,301,550,57
2022[8]2,6446,9835,231,281,880,760,166,961,00
2024AD35,94AD35,000,831,870,580,8317,481,37

Figuras ilustres

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Nascido em Fornos de Algodres, na rua da Torre, a 5 de Maio de 1895, de uma família de 12 irmãos, António Menano foi, sem sombra de dúvida, o mais conhecido e popular cantor de Fados de Coimbra.

António Menano tornou-se conhecido em todo o país através dos inúmeros discos que gravou, os quais correram o mundo, principalmente pelo Brasil e pelas províncias Ultramarinas. Concluído o curso de Medicina, António Menano passa a exercer clínica em Fornos de Algodres, terra natal da família e onde os seus pais António da Costa Menano e de Dª Januária Paulo Menano residem.

Faleceu em Lisboa a 11 de Setembro de 1969.[9]

Primeiro Conde e depois Marquês de Tomar, foi um dos políticos portugueses mais destacados do século XIX.

Nascido em Fornos de Algodres a 9 de Maio de 1803, cedo se revelaram as suas invulgares capacidades intelectuais. Assim, foi com quinze anos para Coimbra estudar Direito, tendo-se formado com vinte anos apenas. Exerceu durante algum tempo a advocacia; tendo o seu valor sido reconhecido. Foi nomeado Membro do Tribunal de Segunda Instância em S. Miguel, nos Açores. Aí se casou com a inglesa Luiza Mitchell Meredith Read.

Como deputado esteve ligado à reorganização administrativa de 1836, devendo-se certamente à sua influência a elevação de Fornos de Algodres a sede de concelho. Depois, em 1838, Costa Cabral foi chamado a desempenhar as funções de Ministro da Justiça e mais tarde, em 1842, já com novo governo empossado, de Ministro do Reino e da Instrução. Foi nessas funções que, em 1845, a rainha lhe concedeu o título de Conde de Tomar. Posteriormente foi nomeado embaixador junto da Santa Sé, tendo-lhe sido concedido o título de Marquês de Tomar.

Faleceu a 1 de Setembro de 1889 em Foz do Douro, no Porto.[9]

Natural de Fornos de Algodres, doutorou-se em Direito pela Universidade de Coimbra, seguiu carreira de magistratura e foi juiz de fora em Ovar.

Nomeado desembargador da relação de Goa, partiu para a Índia, tendo de abandonar esse estado por razões políticas, refugiando-se então Bombaim de onde partiu para Portugal. Em Portugal foi governar civil dos distritos de Coimbra, Braga, Guarda, Porto e Funchal, passando depois a Juiz conselheiro do Supremo Tribunal de Justiça.

Foi fidalgo da casa real, par do reino e grã-cruz das ordens de Cristo e de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa e de Carlos III de Espanha. Casou duas vezes, a primeira com D. Luísa de Sousa Pimenta de Saavedra Santa Marta, e a segunda com sua sobrinha D. Maria José de Abreu Castelo-Branco.

Faleceu sem descendência, sucedendo-lhe como segundo conde de Fornos de Algodres, seu irmão Alexandre de Abreu Castelo Branco, nascido em Fornos de Algodres a(5 de Maio de 1806.

  • José Pinheiro Marques

Nasceu em Figueiró da Granja, em 1871. Fez os seus estudos eclesiásticos e foi ordenado Padre em 1895. Foi Sacerdote em várias terras do atual município de Fornos de Algodres. Notabilizou-se como professor na Escola Académica de Lisboa, orador, ensaísta e, finalmente, Capelão da Casa Real.

Em 1900 foi distinguido com o título de Capelão Fidalgo Honorário da Casa Real, por alvará de El-Rei D. Carlos. Monárquico por formação e convicção, viu-se envolvido nas convulsões subsequentes à implantação da República. Foi preso várias vezes em Lisboa, onde, na companhia de outras figuras monárquicas, correu as cadeias do Limoeiro e do Castelo de S. Jorge.

Em 1930 foi agraciado com o título de Monsenhor e acabou por falecer em 1940.[9]

  • Manuel de Pina Cabral

Nasceu na freguesia de Matança, mais concretamente no lugar da Fonte Fria, em 1746. As origens familiares de Pina Cabral inscrevem-se numa família de agricultores, eclesiásticos e militares. A sua infância foi marcada pelo estudo do latim desde tenra idade. A família, em especial o pai, preocupou-se com a sua formação, tendo encarregue um professor de gramática da sua instrução, mormente de o pôr em contacto com as “coisas latinas”. Em 1763 o seu pai, acreditando nas suas potencialidades, envia-o para a Universidade de Coimbra, matriculando-o no curso de Direito Canónico, embora não tenha obtido qualquer grau, o que originou uma certa tensão entre a família.

O seu percurso revela um homem oriundo de uma pequena localidade do interior que se afirmou na cultura e no governo de Instituições.

Desconhece-se a data da morte de Frei Manuel de Pina Cabral, mas deve ter ocorrido cerca de 1810, uma vez que a última missiva enviada a Manuel do Cenáculo data de 1807. O local de sepultamento terá sido provavelmente a igreja ou o convento de Nossa Senhora de Jesus em Lisboa, na freguesia de Mercês, onde atualmente funciona a Academia das Ciências.[9]

Heráldica

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Armas: Escudo de prata, com um cacho de uvas de púrpura, folhado e troncado de verde, acantonado por quatro espigas de milho de ouro folhadas de verde. Coroa mural de prata de quatro torres. Listel branco com a legenda: “VILA DE FORNOS DE ALGODRES”, a negro.[10]
Bandeira: Esquartelada de amarelo e de verde, cordões e borlas de ouro e verde. Haste e lança de ouro.[10]

Património

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Monumento ao Pastor

Geminações

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A vila de Fornos de Algodres é geminada com as seguintes cidades:[11]

Ver também

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Referências

  1. Instituto Geográfico Português (2013). «Áreas das freguesias, municípios e distritos/ilhas da CAOP 2013». Carta Administrativa Oficial de Portugal (CAOP), versão 2013. Direção-Geral do Território. Consultado em 28 de novembro de 2013. Arquivado do original (XLS-ZIP) em 9 de dezembro de 2013 
  2. INE (2012). Censos 2011 Resultados Definitivos – Região Centro. Lisboa: Instituto Nacional de Estatística. p. 108. ISBN 978-989-25-0184-0. ISSN 0872-6493. Consultado em 27 de julho de 2013 
  3. INE (2012). «Quadros de apuramento por freguesia» (XLSX-ZIP). Censos 2011 (resultados definitivos). Tabelas anexas à publicação oficial; informação no separador "Q101_CENTRO". Instituto Nacional de Estatística. Consultado em 27 de julho de 2013 
  4. Lei n.º 11-A/2013, de 28 de janeiro: Reorganização administrativa do território das freguesias. Anexo I. Diário da República, 1.ª Série, n.º 19, Suplemento, de 28/01/2013.
  5. «História da Região - Município de Fornos de Algodres». Município de Fornos de Algodres. Consultado em 9 de junho de 2017 
  6. Instituto Nacional de Estatística (Recenseamentos Gerais da População) - https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_publicacoes
  7. «Concelho de Fornos de Algodres : Autárquicas Resultados 2021 : Dossier : Grupo Marktest - Grupo Marktest - Estudos de Mercado, Audiências, Marketing Research, Media». www.marktest.com. Consultado em 18 de dezembro de 2021 
  8. «Eleições Legislativas 2022 - Fornos de Algodres». legislativas2022.mai.gov.pt. Consultado em 10 de dezembro de 2023 
  9. a b c d «Ilustres da nossa Terra - Município de Fornos de Algodres». Município de Fornos de Algodres. Consultado em 9 de junho de 2017 
  10. a b «Heráldica - Município de Fornos de Algodres». Município de Fornos de Algodres. Consultado em 9 de junho de 2017 
  11. «Geminações de Cidades e Vilas - Fornos de Algodres». www.anmp.pt. Consultado em 9 de junho de 2017 

Ligações externas

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