Frente Patriótica (Áustria)

A Frente Patriótica (em alemão: Vaterländische Front, VF) foi a organização política que governou durante o "Austrofascismo". Alegava ser um movimento apartidário e neutro, com o fim de unir todas as pessoas da Áustria, ultrapassando as divisões políticas e sociais.[2] Criada a 20 de Maio de 1933 pelo chanceler social-cristão Engelbert Dollfuss como partido único, de linhas semelhantes ao do fascismo italiano, defendia o nacionalismo austríaco e a separação da Alemanha com o argumento de proteger a identidade católica da Áustria do que consideravam um estado alemão dominado pelo Protestantismo.[7]

Frente Patriótica
Vaterländische Front
Frente Patriótica (Áustria)
PresidenteEngelbert Dollfuss (1933–34)
Ernst Rüdiger Starhemberg (1934–36)
Kurt Schuschnigg (1936–38)
Fundação20 de maio de 1933
Dissolução13 de março de 1938
SedeAm Hof 3/4, Viena, Áustria
Ideologia
 • Austrofascismo
 • Nacionalismo austríaco
 • Conservadorismo autoritário
 • Conservadorismo social
 • Doutrina Social da Igreja
 • Fascismo clerical[1]
 • Catolicismo político[2][1]
 • Corporativismo fascista[1]
 • Antiliberalismo
 • Anticapitalismo[3]
 • Anticomunismo
Espectro políticoDireita[4] a extrema-direita
ReligiãoIgreja Católica
AntecessorPartido Social Cristão, Landbund, Heimwehr e outros
Membros (1937)3 milhões[5]
CoresVermelho, Branco, Verde
HinoLied der Jugend
Slogan"Österreich, erwache!"
(Áustria, acordada!)[6]
Bandeira do partido

A Frente Patriótica, fortemente ligada ao catolicismo clerical da Áustria, absorveu o Partido Social-Cristão de Engelbert Dollfuss, o movimento agrário Landbund e a força paramilitar de extrema-direita Heimwehren, as quais se opunham ao socialismo, ao capitalismo de livre mercado, e democracia liberal. Estabeleceu um regime autoritário e corporativo, o Estado Federal da Áustria, habitualmente conhecido em alemão como Ständestaat ("estado corporativo"). De acordo com a Frente, esta forma de governo e sociedade implementou os ensinamentos sociais da encíclica de 1931, Quadragesimo anno, do Papa Pio XI.[8][9] A Frente aboliu e perseguiu todos os seus oponentes políticos, incluindo os comunistas, os sociais-democratas — com quem lutaram numa breve guerra civil em Fevereiro de 1934 — e também os nazis austríacos que queriam a união da Áustria com a Alemanha.[10] O chanceler Dollfuss foi assassinado pelos nazis em Julho de 1934. Foi sucedido por Kurt Schuschnigg, que governou até os nazis o forçarem a demitir-se a 11 de Março de 1938. A Áustria foi anexada pela Alemanha Nazi no dia seguinte.

A Frente Patriótica manteve uma organização cultural e recreativa chamada de "Vida Nova" (Neues Leben), semelhante à Força pela Alegria.[11]

O papel da Frente Patriótica tem sido alvo de discussão pelos historiadores austríacos do pós-guerra. Enquanto a ala esquerda a considera ser o expoente máximo da variante austríaca do fascismo católico clerical e a responsável pelo fracasso da democracia na Áustria; os autores conservadores defendem a luta anti-nazi e a independência da Áustria face à Alemanha.[12]

O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Frente Patriótica (Áustria)

Referências

  1. a b c Pyrah, Robert (2008). Enacting Encyclicals? Cultural Politics and 'Clerical Fascism' in Austria, 1933–1938. Clerical Fascism in Interwar Europe. [S.l.]: Routledge. pp. 157–169 
  2. a b Thuswaldner, Gregor (2006). «Dollfuss, Engelbert (1892–1934)». In: Domenico, Roy Palmer; Hanley, Mark Y. Encyclopedia of Modern Christian Politics. [S.l.]: Greenwood Press. p. 174  Em falta ou vazio |título= (ajuda)
  3. Pelinka, Anton (2017). The Dollfuss/Schuschnigg Era in Austria: A Reassessment. [S.l.]: Routledge. p. 127249 
  4. «1934 to 1938: Ständestaat in the Name of "God, the Almighty"». City of Vienna. City of Vienna. Consultado em 3 de novembro de 2019. His politics were supported by the Fatherland Front, a reservoir for nationalist, Christian and generally right-wing conservative forces. 
  5. Payne, Stanley G. (1995). A History of Fascism, 1914–1945. [S.l.]: University of Wisconsin Press. p. 249 
  6. Jelavich, Barbara (1987). Modern Austria: Empire and Republic, 1815-1986. [S.l.]: Cambridge University Press. p. 200 
  7. Atsuko Ichijō, Willfried Spohn. Entangled identities: nations and Europe. Ashgate Publishing, Ltd., 2005, p. 61.
  8. Pyrah (2008). Enacting Encyclicals? Cultural Politics and 'Clerical Fascism' in Austria. [S.l.: s.n.] 162 páginas 
  9. Binder, Dieter A. (2009). The Christian Corporatist State: Austria from 1934 to 1938. Austria in the Twentieth Century. [S.l.]: Transaction Publishers. p. 75 
  10. Binder (2009). The Christian Corporatist State. [S.l.: s.n.] p. 73 
  11. Pyrah (2008). Enacting Encyclicals? Cultural Politics and 'Clerical Fascism' in Austria. [S.l.: s.n.] 160 páginas 
  12. Tálos, Emmerich; Neugebauer, Wolfgang (2014). «Vorwort». Austrofaschismus: Politik, Ökonomie, Kultur, 1933-1938 7th ed. [S.l.]: Lit Verlag. pp. 1–2  Em falta ou vazio |título= (ajuda)